olhar versus sorriso
Sempre gostei de observar o mundo à minha volta, sobretudo as pessoas, e desde que comecei a entusiasmar-me pela actividade do sketching noto claramente que tudo começa no olhar.
Olhar com olhos de ver é um requisito necessário para melhor registar no papel e guardar na memória.
Olhar com olhos de ver carece de atenção plena, e essa concentração meditativa tem um efeito terapêutico, zen.
Também é o olhar que distingue o fotógrafo.
O olhar da Gioconda, tal como o sorriso, é especial. Os seus olhos fixam os nossos mas, ao invés de transmitir qualquer tensão, parecem compassivos.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Duelos de Domingo III

Este domingo foi dia de encontro oficial de Urban Sketchers, organizado no Museu Nacional Ferroviário no Entroncamento.

A melhor oportunidade de duelar foi durante o almoço.

A dada altura quase todos já tinham rabiscado algum conviva, o que estava na mesa, o restaurante, a comida... esta malta é mesmo viciada no desenho!

E eu já fui contagiada ;)


No final do dia, na estação, enquanto esperávamos pelo comboio de regresso, houve tempo de sobra para mais um sketch.




quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

Desenhar com... Filipe Pinto

Sábado à tarde, no Museu Arqueológico do Carmo em parceria com a Associação Urban Sketchers Portugal, fui a mais uma oficina de sketching.

Não conhecia o Filipe Pinto, mas pela sua apresentação e pelos comentários dos amigos sketchers, é uma pessoa discreta, calma e concentrada, com um longo percurso nas artes visuais, apesar de não ser essa a sua área profissional.

O desafio que nos lançou foi o de desenhar listas.
Escolher um tema ou objecto desenhando depois vários exemplares ou versões com algo em comum.

Vagueei o olhar pelas nas imensas hipóteses que o museu oferece e decidi desenhar recipientes de várias épocas históricas.






Desenhar de pé não é muito confortável e fico fascinada com quem também consegue pintar assim.

Eu prefiro pintar com as aguarelas em casa, tentando em cada desenho aperfeiçoar o resultado final e acho que os últimos estão melhores que os primeiros.
Foi um bom exercício.







terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

olhares e visões

Foi há um ano que fiz a maior viagem da minha vida. 

Maior em termos de distância, porque a maior em duração foi o Interrail de um mês em Itália, aos 21 anos.

Por ocasião do meu aniversário fui ao Vietname com a minha filha Beatriz.

Esta viagem revelou-se extraordinária em muitos aspectos.

A experiência fantástica de descobrir um país diferente, pessoas, cultura, hábitos, estrutura social, cheiros e sabores, toda uma panóplia de diversidades.

Perceber a organização e o empreendedorismo focado no negócio do turismo como projecto recente de desenvolvimento e criação de riqueza para as pessoas e para o País.

Se quiserem ler o diário da viagem basta seguirem a etiqueta Vietname aqui no Blog.

A outra vertente da viagem foi o reconhecimento do ser, da mulher, do ente humano que é a minha filha primeira, aquela cujo nascimento me transformou em mãe.

Quatro anos após sair do ninho, olhar e ver com emoção e orgulho o quanto mudou voando sozinha, como cresceu muito para além de mim.


Viajar com ela foi também sentir-me abençoada com a partilha das descobertas, a disponibilidade de convívio, as grandes conversas e as pequenas confidências.

Acalentar este amor profundo e imenso, sentir que é minha e no entanto não me pertence.





Estas fotografias são do primeiro dia no Vietname, do primeiro passeio em Saigão, agora chamada Ho Chi Minh em homenagem ao mentor da unificação, representado nesta estátua.

A primeira é minha, a segunda é dela e representam olhares e visões curiosamente diferentes.



segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

Cães dorminhocos são bons modelos para desenhar

Num fim de semana com tanta chuva e frio, dediquei-me aos sketchs caseiros.

Os visados foram os cães, enquanto dormiam.

O hóspede temporário, um Basset Artesien Normand, uma espécie de Basset Hound rasca, segundo dizem os seus donos.




E o cão residente, um Labrador Retriever muito preto. 

Tão preto que é difícil pintar realçando as formas e os volumes.

Da próxima talvez lhe consiga apanhar os brilhos do pêlo.





domingo, 12 de fevereiro de 2017

Duelos de Domingo II

Hoje só houve oportunidade para um Duelo de Domingo com a Rita.

Sentadas à mesa, frente a frente, enquanto eu fazia o meu desenho ela fez este.





sábado, 11 de fevereiro de 2017

Duelos de Domingo I

Foi um dia intenso, mas ainda não o queríamos dar por terminado.

Depois de descansarmos um pouco nas confortáveis cadeiras do átrio da Gulbenkian, partilhando cadernos e histórias, decidimos ir para um café com nome de fábrica mas que é tipo padaria, onde finalmente abri o meu caderno para desenhar. 
Eu e outras três rabiscadoras inveteradas.

E foi assim, em meio de muita risota, que demos início aos Duelos de Domingo desta semana.

A Mónia aceitou o desafio de nos desenhar com alguma expressividade e entusiasmou-se com a resolução de começar a desenhar pessoas com olhos, boca, nariz...
Para variar (!) fez um desenho fantástico.

A Marilisa optou pelo desenho cego e fez mais dois incríveis retratos para a sua colecção Portraits without mercy

A Rita também descontraiu no seu caderno experimental, fazendo vários retratos giríssimos, em desenho cego e semi-cego com apenas um ou outro apontamento de cor.


E eu desenhei-as assim:




Adorei o espírito destes Duelos de Domingo. 
Diversão total. Quero mais!



Domingo com Amadeu e Almada

Cada vez me satisfaz mais sair de casa bem cedo, aos domingos de manhã.

Rumei ao centro de Lisboa, estacionei convenientemente, e fui a pé para a baixa.

Num dia de sol de inverno, a luz resplandecia na cidade, a temperatura amena graças à ausência de vento, convidavam-me ao passeio contemplativo, à fotografia e até ao desenho no diário gráfico.



No entanto, como tinha um objectivo claro, estuguei o passo na subida para o Chiado rumo ao MNAC. 
Quando cheguei à porta de acesso à exposição de Amadeu de Souza Cardoso já lá estava uma fila de gente animada, à espera para entrar. 
Enquanto subia a escadaria a par e passo, entretive-me a observar as pessoas, em pequenos grupos, em família com crianças e jovens, casais de todas as idades, e alguns solitários como eu.

Ao fim de cerca de três quartos de hora entrei finalmente e pude contemplar interessantes exemplares das várias fases da obra do pintor vanguardista.


Amadeu de Souza Cardoso - Auto-retrato - 1913

Quando saí do museu a fila de pessoas já contornava a esquina do edifício.

Fui ter com as minhas amigas que demoraram a chegar e, perante tanta gente à espera, decidiram deixar a visita à exposição para outro dia .

Almoçámos por ali, numa hamburgaria da moda e ainda tive a sorte de estar um bocadinho com as minhas filhotas que se nos juntaram um pouco mais tarde.

De seguida fomos para a Fundação Calouste Gulbenkian ver a exposição de Almada Negreiros, também inaugurada esta semana.

Mais uma vez a afluência de pessoas era enorme, mas a fila avançava rapidamente, até porque aqui o espaço era grande e podia-se circular bastante à vontade.

Como encontrei uma amiga que não via há uns anitos e tínhamos muito que conversar, confesso que vi a exposição apenas superficialmente, excepto uma ou outra obra que nos puxou a atenção e suscitou mais comentários.

De qualquer forma já tencionava voltar para uma visita orientada.


Almada Negreiros - Auto-retrato - 1927

Almada Negreiros - Auto-retrato - 1940



É sempre positivo e enriquecedor visitar museus, visionar exposições, mas há algumas que nos enchem mais a alma.

A partilha de obras de arte, trabalhos criativos, manifestações de vanguarda de pessoas extraordinárias que buliram com as convenções, pode ser inspirador e é sem dúvida pedagógico.

A escrita é uma arte que admiro, mas coloco-a num contexto diferente de habilidades de produção intelectual.

De todas as artes, manifestações de sentimentos, sou mais sensível à música e à pintura.

É difícil exprimir em palavras, tanto podem provocar um vazio como um deslumbramento.