olhar versus sorriso
Sempre gostei de observar o mundo à minha volta, sobretudo as pessoas, e desde que comecei a entusiasmar-me pela actividade do sketching noto claramente que tudo começa no olhar.
Olhar com olhos de ver é um requisito necessário para melhor registar no papel e guardar na memória.
Olhar com olhos de ver carece de atenção plena, e essa concentração meditativa tem um efeito terapêutico, zen.
Também é o olhar que distingue o fotógrafo.
O olhar da Gioconda, tal como o sorriso, é especial. Os seus olhos fixam os nossos mas, ao invés de transmitir qualquer tensão, parecem compassivos.

segunda-feira, 5 de junho de 2017

Fábrica da Pólvora - Oficinas a Vapor

O Pavilhão da Pólvora Negra ficou conhecido por Oficinas a Vapor desde que no ano 1879, em pleno período de desenvolvimento industrial, foi introduzida a máquina a vapor para accionar os trituradores.

A trituração consistia na redução a pó dos três componentes da pólvora - o carvão, o enxofre e o salitre.


No século XX eram efectuadas neste edifício algumas das fases do processo de fabrico, prensagem, peneiração, calibração e lustração, até à fatídica explosão de 30 de Novembro de 1972.
O impacto foi de tal forma que além de vitimar operários, destruiu grande parte da maquinaria e do edifício, inviabilizando a recuperação da linha de fabrico e, consequentemente, terminando com a produção de pólvora negra na Fábrica de Barcarena.

Esta construção, propositadamente deixada em ruínas, constitui um memorial aos operários sinistrados e exemplifica o impacto deste tipo de acidentes nos edifícios.







 




  









domingo, 4 de junho de 2017

Fábrica da Pólvora - Museu e Santa Bárbara

O 50º. Encontro dos Foto&Sketchers 2 Linhas começou por um piquenique muito animado. 
Nesta altura eramos só mulheres. Quantas mulheres? Bastantes.

Depois dispersámos pelas esplanadas para tomar café e, finalmente, desenhar.

Experimentando as pastilhas de aguarela novas da Rita, fiz um desenho em mancha com as três cores. Senti-me como se tivesse 5 anos. Depois tracei as linhas para definir o edifício e a envolvente.






Mais tarde visitámos o Museu. 

Toda a história da pólvora, desta fábrica e das pessoas que nela trabalhavam.











"Só se lembram de Santa Bárbara quando troveja" 
provérbio português 

Ela é a Santa padroeira dos mineiros, dos artilheiros e dos polvoristas.

Santa Bárbara era particularmente invocada nos dias de trovoada já que uma descarga eléctrica seria suficiente para fazer explodir um edifício.





sábado, 3 de junho de 2017

Fábrica da Pólvora

Nunca lá tinha ido e não foi fácil lá chegar. 

Fica num frondoso vale em Barcarena e depois de Queluz o GPS encaminhou-me para uma estrada com trânsito condicionado, ainda procurei uma alternativa para não infringir a sinalização, mas acabei por desistir.
Pelos vistos não fui a única do grupo a passar pelo mesmo dilema porque, quem vem de Lisboa, é sistematicamente direccionado para aquele percurso.

Cheguei cedo e fui tirando fotografias até chegar ao parque das merendas, o ponto de encontro dos Foto&Sketchers 2 Linhas.

Foi o 50º. Encontro e comemorámos 2 anos de existência como Grupo.



  




  


  

  

domingo, 26 de março de 2017

Domingo sem duelos

Depois de uns dias de primavera fulgurante parece que o inverno voltou, espero que apenas para se despedir...

Sem vontade de sair do abrigo caseiro e na ausência de um "adversário" para um bom duelo de domingo, o que desenhar nesta tarde chuvosa?

Juntei a vontade de desenhar, o entusiasmo de estrear um pequeno caderno e optei por andar às voltas com esta peça, uma pequena escultura, mais decorativa do que artística, mas bastante desafiadora.








E aqui está a modelo.




segunda-feira, 13 de março de 2017

Museu Nacional Ferroviário

De avião vou rápido e longe.

De carro vou à velocidade que quiser pelas estradas que escolher.

De comboio vou distraída. 
Leio, faço tricot, oiço música, escrevo, desenho, posso até dormitar, mas só ligeiramente pois receio perder a estação.

Nestes últimos anos tenho viajado muito de comboio, sobretudo na linha da beira, e foi numa dessas andanças que encontrei um folheto de divulgação do novo Museu Nacional Ferroviário.

Imaginei logo um Entroncamento de linhas, de máquinas, de história, de objectos e estruturas, tudo muito "desenhável".

Partilhei a ideia com a Rita e graças a ela conseguimos organizar este encontro de sketchers.

Claro que fomos de comboio, e não fomos as únicas.

De manhã desenhei coisas grandes como locomotivas e depósitos de água que serviam para abastecer as máquinas a vapor.









O almoço foi uma refeição completa, amavelmente oferecida pela Ordem dos Arquitectos num restaurante local, e deu-nos a oportunidade de fazer os Duelos de Domingo.

De tarde, deambulando pelas salas da exposição no edifício principal, desenhei objectos mais pequenos.









Acho que o encontro foi um sucesso.

A Rita fez uma excelente divulgação do evento e contámos com mais de 60 participantes de várias zonas do País e não só.

Muitos e fantásticos desenhos foram partilhados no blog dos Urban Sketchers Portugal. Vale a pena seguir o link.


domingo, 12 de março de 2017

Animais vivos e coloridos dentro de água

O grupo de Foto&Sketchers 2 Linhas voltou a organizar um encontro de rabiscos no Aquário Vasco da Gama. 
Foi sobretudo para nos despedirmos da Tartaruga-bobo que é uma fêmea com 20 anos e que por ter atingido a maioridade tem vindo a revelar comportamentos próprios de um animal cujo instinto apela à migração e à reprodução. 
Felizmente vai ser preparada e libertada no mar. 
Esperemos que seja uma missão bem sucedida. 




Da outra vez tirei fotografias e só me atrevi a desenhar os bichos embalsamados e outros exemplares estáticos expostos no Museu.

Um ano volvido fui para desenhar animais vivos e coloridos. 
No Aquário, claro!






Também tirei imensas fotografias mas só se aproveitam algumas. como estas, por exemplo.

Os Peixes tropicais são muito "graficogénicos".








Vale mesmo a pena visitar o Aquário Vasco da Gama, ou revisitar, até porque há uma nova exposição na entrada sobre a actividade de explorador e cientista de D. Carlos I no final do séc. XIX e princípio do séc. XX.
Foi um pioneiro. 
Muito interessante.



terça-feira, 7 de março de 2017

Cais

Para quem quer se soltar
Invento o cais
Invento mais 
     que a solidão me dá
Invento lua nova a clarear
Invento o amor
     e sei a dor de encontrar.

Eu queria ser feliz
Invento o mar
Invento em mim
     o sonhador.

Para quem quer me seguir 
     eu quero mais
Tenho o caminho do que sempre quis
     e um saveiro pronto para partir
Invento o cais 
    e sei a vez de me lançar.

Milton Nascimento




Eu que eu gosto desta canção não tem explicação.

Ou até tem, e está mesmo na sua poesia linda.

É tão bom ouvir a música, a melodia, a voz, o poema cantado.

E ouvi-la anos e anos a fio e ficar de cada vez assim emocionada em tons de azul...




Milton Nascimento - Cais

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Duelos de Domingo III

Este domingo foi dia de encontro oficial de Urban Sketchers, organizado no Museu Nacional Ferroviário no Entroncamento.

A melhor oportunidade de duelar foi durante o almoço.

A dada altura quase todos já tinham rabiscado algum conviva, o que estava na mesa, o restaurante, a comida... esta malta é mesmo viciada no desenho!

E eu já fui contagiada ;)


No final do dia, na estação, enquanto esperávamos pelo comboio de regresso, houve tempo de sobra para mais um sketch.




quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

Desenhar com... Filipe Pinto

Sábado à tarde, no Museu Arqueológico do Carmo em parceria com a Associação Urban Sketchers Portugal, fui a mais uma oficina de sketching.

Não conhecia o Filipe Pinto, mas pela sua apresentação e pelos comentários dos amigos sketchers, é uma pessoa discreta, calma e concentrada, com um longo percurso nas artes visuais, apesar de não ser essa a sua área profissional.

O desafio que nos lançou foi o de desenhar listas.
Escolher um tema ou objecto desenhando depois vários exemplares ou versões com algo em comum.

Vagueei o olhar pelas nas imensas hipóteses que o museu oferece e decidi desenhar recipientes de várias épocas históricas.






Desenhar de pé não é muito confortável e fico fascinada com quem também consegue pintar assim.

Eu prefiro pintar com as aguarelas em casa, tentando em cada desenho aperfeiçoar o resultado final e acho que os últimos estão melhores que os primeiros.
Foi um bom exercício.







terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

olhares e visões

Foi há um ano que fiz a maior viagem da minha vida. 

Maior em termos de distância, porque a maior em duração foi o Interrail de um mês em Itália, aos 21 anos.

Por ocasião do meu aniversário fui ao Vietname com a minha filha Beatriz.

Esta viagem revelou-se extraordinária em muitos aspectos.

A experiência fantástica de descobrir um país diferente, pessoas, cultura, hábitos, estrutura social, cheiros e sabores, toda uma panóplia de diversidades.

Perceber a organização e o empreendedorismo focado no negócio do turismo como projecto recente de desenvolvimento e criação de riqueza para as pessoas e para o País.

Se quiserem ler o diário da viagem basta seguirem a etiqueta Vietname aqui no Blog.

A outra vertente da viagem foi o reconhecimento do ser, da mulher, do ente humano que é a minha filha primeira, aquela cujo nascimento me transformou em mãe.

Quatro anos após sair do ninho, olhar e ver com emoção e orgulho o quanto mudou voando sozinha, como cresceu muito para além de mim.


Viajar com ela foi também sentir-me abençoada com a partilha das descobertas, a disponibilidade de convívio, as grandes conversas e as pequenas confidências.

Acalentar este amor profundo e imenso, sentir que é minha e no entanto não me pertence.





Estas fotografias são do primeiro dia no Vietname, do primeiro passeio em Saigão, agora chamada Ho Chi Minh em homenagem ao mentor da unificação, representado nesta estátua.

A primeira é minha, a segunda é dela e representam olhares e visões curiosamente diferentes.



segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

Cães dorminhocos são bons modelos para desenhar

Num fim de semana com tanta chuva e frio, dediquei-me aos sketchs caseiros.

Os visados foram os cães, enquanto dormiam.

O hóspede temporário, um Basset Artesien Normand, uma espécie de Basset Hound rasca, segundo dizem os seus donos.




E o cão residente, um Labrador Retriever muito preto. 

Tão preto que é difícil pintar realçando as formas e os volumes.

Da próxima talvez lhe consiga apanhar os brilhos do pêlo.