olhar versus sorriso
Sempre gostei de observar o mundo à minha volta, sobretudo as pessoas, e desde que comecei a entusiasmar-me pela actividade do sketching noto claramente que tudo começa no olhar.
Olhar com olhos de ver é um requisito necessário para melhor registar no papel e guardar na memória.
Olhar com olhos de ver carece de atenção plena, e essa concentração meditativa tem um efeito terapêutico, zen.
Também é o olhar que distingue o fotógrafo.
O olhar da Gioconda, tal como o sorriso, é especial. Os seus olhos fixam os nossos mas, ao invés de transmitir qualquer tensão, parecem compassivos.

sexta-feira, 17 de junho de 2016

Outro fim de tarde, outra capelinha

Isto de visitar as capelinhas é uma expressão bem portuguesa e geralmente não tem o significado literal.

Fiz-me à estrada sozinha com aquela sensação libertadora de ir para onde me apetecesse.
Só tinha a recomendação de procurar um moinho de água numa determinada estrada. 
Se há coisa que me inspira é a água. 
Saudades do mar...






Depois de tirar bastantes fotografias de vários ângulos, meti-me outra vez no carro e segui sem destino determinado.
Quando vi uma tabuleta a indicar Tranvancinha, numa estrada à esquerda e a subir, não hesitei.
Esta zona é feita de montes e vales. 
As elevações têm boas vistas e são elas próprias, quase sempre, por razões de estratégia geográfica desde os antepassados, sítios interessantes.
Chegada à vila que pelos vistos tem apenas cerca de quinhentos habitantes, percorri ruas e ruelas, vi casas pequenas e grandes, velhas e novas, incaracterísticas, até que cheguei a um pequeno largo onde se situava um edifício de arquitectura clássica da região, um certo ar senhorial, parei e fiquei a observar os pormenores.
Nisto surge ao portão um senhor já com alguma idade que deve ter pensado que eu andava perdida, talvez, e acenando fez menção de vir ter comigo.
Daria uma bela converseta mas eu queria mesmo era desenhar.
Sorri, acenei e arranquei por outra rua. 
Segui uma direcção de miradouro que não encontrei, apenas casas de granito completamente em ruínas num ponto alto mas pouco interessante.
Não quis voltar para trás e continuei pela estrada de terra batida que segundo o meu sentido de orientação, daria a volta à vila e não me enganei. Fui desembocar na estrada principal, na entrada oposta de Tranvancinha, e vislumbrei à minha esquerda, em cima de um penedo, a capela que eu ia desenhar.
Dei a volta e estacionei por detrás num terreno aberto onde pelos vistos se faz anualmente a Feira dos Santos em 1 de Novembro, conhecida na região pela Feira dos Torresmos.

Heis a Capela da Senhora das Virtudes.



Desenhei-a sentada nesta lage de granito e se não estivesse com frio e a anoitecer tinha feito mais sketches porque, apesar das linhas simples todos os ângulos são desafiantes.







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